quarta-feira, 22 de novembro de 2017

[Análise] Liga da Justiça: Falhas e acertos

Por Guilherme César
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ESTE TEXTO CONTÉM SPOILERS DO FILME... VOCÊ FOI AVISADO
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Depois de mais uma pausa nos textos, por mais tempo do que deveria, retornei, pois a ocasião é um marco na história dos filmes de heróis. Seis grandes heróis se uniram nas telas, finalmente. Depois de longos anos, a Liga da Justiça do DCU se tornou realidade e com ela uma enxurrada de críticas, hate e tudo mais que é normal de aparecer depois de um filme da DC.



Li uma vez que não devemos jamais escrever uma crítica logo após assistir ao filme, série ou terminar um livro, pois naquele momento ainda estamos imersos nas emoções que sentimos e isso pode atrapalhar o nosso julgamento. Me arriscarei então a ser emotivo demais e já adianto que essa pode não ser a critica fria que você está esperando. Como em todos os meus textos, ressalto que aqui está a minha opinião de fã, entusiasta do cinema e escritor apaixonado, não se sinta obrigado a concordar... Sem mais delongas...
O conturbado Liga da Justiça estreou há poucos dias e tem dividido opiniões, muitas delas vindas do medo que os fãs tinham do filme ser um fracasso, como o odiado Batman Vs Superman (que eu gostei sim!). As cenas regravadas, a suposta mudança de tom vinda da visão do ex-Marvel, Joss Whedon e o afastamento do (também odiado por uns e amado por outros) Zack Snyder foram alguns dos motivos que geraram a desconfiança dos fãs e lógico, o ódio comum da internet.
Eis que, caros leitores, o filme não é tão ruim. A meu ver, sim, ele tem muitas falhas, mas no geral, é um filme gostoso de assistir. Não estou sendo do contra, apesar de já ter um histórico de gostar de filmes que a maioria não gosta, mas nesse caso, devemos saber separar o joio do trigo. Começarei então com o que não gostei...
Em suma, o pior da Liga é a ameaça. Concordando com as reclamações gerais, para mim, o Lobo da Estepe (nomezinho ridículo esse) não me pareceu tão ameaçador. Faltou peso, perigo, talvez um pouco mais de sangue. Porém, como 99% dos filmes de heróis dos últimos anos, a LJ é feita para o grande público e logicamente, colocar sangue e violência não seria algo viável. Aqui temos um vilão fraco, esquecível e que você não liga (trocadilho tosco). Assistimos ao filme com a certeza de que ele será derrotado e em momento algum tememos pelo mundo ou pelos heróis. O público vê o filme com a motivação de ver o Lobo levando um grande chute na bunda e para saber como será, porque a sensação de que a união dos nossos queridos heróis será capaz de vencer essa ameaça é nítida. Entretanto, antes de você sentir o ódio contra a DC crescer, devemos pensar em dois fatores. O primeiro é o fato do vilão escolhido não ser realmente poderoso e sim um estepe (outro trocadilho tosco) do Darkside. Ele é aquele vilão B, que chega antes do chefão final, que serve de introdução, mas não dá aperto. E talvez esse seja o motivo da escolha dele para o filme. O segundo ponto é o fato de que a aclamada Marvel (que eu também sou fã) também sofre com seus vilões esquecíveis. No frigir dos ovos, são raros os antagonistas que realmente marcaram o público nas duas últimas décadas. Salvo Loki (por seu carisma e não pela sua ameaça) e o Coringa do Nolan (graças à interpretação magistral do Ledger), não se esquecendo da Hela, que tem sido bastante elogiada. Ou seja, não é um problema só da DC ter vilões fracos.
Outro ponto negativo e acredito que esse seja o maior problema a meu ver, é a falta de planejamento. O que cativa os fãs da Marvel é justamente o conjunto dos filmes, o fato de serem interligados, o ótimo planejamento realizado ao longo de tantos anos, introduzindo herói por herói e culminando na união de todos. ESSA, e não as piadas, é na minha opinião a real “fórmula Marvel”. Eles souberam instigar os fãs, contando uma história simples e que ia se interligando, dando consistência aos demais filmes. Faltou isso no DCU. A sensação de que eles não sabem o que estão fazendo é bem grande e um fator que gera a desconfiança dos fãs.
Por fim, talvez a mudança de tom, que pareceu ignorar um pouco o que havia sido criado pelo Snyder, também teve sua parcela de culpa no impacto do filme. Talvez se tudo tivesse sido preparado para ser realmente mais denso e o público tivesse aceitado isso, hoje teríamos um filme melhor. Também não posso esquecer-me de outra sensação que tive: a de que o Flash tinha editado o filme todo. Passou voando. Foi tudo muito rápido e eu senti falta de muitas cenas ali. Mais uma vez, o corte final pareceu ter tirado um pouco demais do que foi feito e isso mostra um pouco do medo que a DC tem de errar.
Seguindo agora para o que me agradou, darei uma breve passada por cada personagem, afinal, o melhor da Liga são os seus heróis. Sem dúvidas, os atores foram muito bem em seus papéis, eu gostei de vê-los em cena e claro, fiquei feliz com a escolha de cada um deles. O Aquaman do Momoa me fez respeitar o personagem que eu sempre achei inútil, me fez ter até um pouco de medo dele, porque o cara impõe respeito, pelo tamanho e pela postura. Gal Gadot e sua Mulher Maravilha enchem a tela com beleza e poder. Que mulher poderosa! Ela é um dos pontos principais do filme, vale a pena assistir por ela. Uma Diana forte, determinada e empoderada. Logo em sua cena de introdução no filme já me deixou arrepiado. As cenas dela desviando as balas foram incríveis.



Particularmente, gosto muito do Batman do Affleck. Um homem-morcego cansado, arrependido e determinado. Que não mede esforços, que cumpre seu papel. Mesmo ele mais leve, cheio de piadas, ainda me agradou. Senti como se o encontro e a batalha contra o Super no filme anterior o tivesse mudado. Já o Ciborgue, para mim, cumpriu seu papel. Não foi o melhor, nem o pior do filme. Faltou um pouco do consistência, talvez pelo fato de ser um herói que não teve tanto destaque anteriormente. Contudo, em algumas cenas eu consegui enxergar aquele Ciborgue da animação dos Jovens Titãs, o que salvou o personagem.
Sobre o Barry do Erza, não me surpreendi, pois já imaginava que ele seria ótimo. Um Barry totalmente diferente daquele da série. Jovem, hiperativo e até mesmo infantil. Me lembrou muito o Wally da animação da Liga da Justiça. Quero ver mais dele, quero ver seu crescimento como herói. Quero vê-lo amadurecer e essa é uma sensação boa que nos faz ansiar pelo seu filme solo.

E por fim, ele, o todo poderoso da LJ, Clark Kent. Talvez ele seja a grande motivação por trás do filme. O retorno do Superman foi aquilo de mais importante durante o longa, como se tudo ali tivesse sido desenvolvido não para unir o grupo e sim para trazê-lo de volta. Mesmo assim, foi algo bom. A batalha dele contra os amigos nos mostrou um lado obscuro e tirano que remeteu claramente ao Injustice. O plano B do Batman para trazer a sanidade de Kal-el também fez uma ligação certeira e agradável com a cena do Flash no filme anterior, onde ele avisa Bruce que a Lois é a chave. Depois de voltar dos mortos (de uma forma bem diferente, mas aceitável, mesmo parecendo meio forçada e apressada), Clark pareceu mais leve, como se o peso de suas ações tivesse sumido e ele tivesse finalmente encontrado o caminho. Finalmente temos um verdadeiro Superman, que foi agradável de se ver. Tirando obviamente o fato de sua boca parecer de plástico, por causa do CG usado para remover digitalmente o bigode. Gostaria de ter visto um Super de barba, também seria legal.
Ainda sobre os personagens, digo com toda a certeza que gostei de todas as escolhas. Com exceção do vilão. Todos os atores escolhidos me deixaram satisfeito, até mesmo o caricato e odiado Lex Luthor, que eu particularmente acho legal.
O que para mim foi o ponto alto do filme, foi justamente a sensação de estar assistindo a um dos episódios da Liga da Justiça – Sem Limites, animação fantástica que marcou a minha adolescência. Tive essa sensação com o filme e quando ele acabou, mesmo com as suas falhas, eu queria mais. Queria ver mais daqueles heróis, o que para mim torna o filme algo bom.
Para finalizar, antes que esse texto fique longo demais, acredito que a mudança de tom, mesmo que sendo em partes negativa, ajudou a ressaltar o ar de esperança que a união dos heróis trás. Ao fim do filme me veio em mente a trilha dos Vingadores, que toca no final do longa da Marvel, o que me fez remeter imediatamente aos heróis da concorrência. A Liga da Justiça, para mim, só não foi melhor, por não ter sido tão bem trabalhada anteriormente com os Vingadores, talvez o mesmo planejamento tivesse conquistado mais os fãs. A consistência no tom, a sensação de saber o que se está fazendo, tudo isso poderia ter mudado a visão do público. E ouso dizer que o maior problema da DC é ser covarde e ter medo de fracassar, o que causa tantas mudanças. Além do fato da Marvel ter largado na frente com seu projeto, fazendo que tudo que viesse depois fosse previamente comparado. Talvez então, se os papéis tivessem se invertido, hoje teríamos um público mais receptivo com algo sombrio, reclamando do tom leve da Marvel.
Para mim, com todas as suas falhas, a LIGA DA JUSTIÇA é um filme que vale a pena ver, rever e com toda certeza você irá se divertir. Se você, claro, for como eu e não for do tipo que assiste um filme para procurar falhas e não para se divertir.


Considerações adicionais:
A cena pós-créditos do Flash e do Super foi a cereja do bolo. A do Lex me deixou com uma pulga atrás da orelha, pois se seguirem o caminho apontado por ela, talvez a ameaça continue não sendo tão impactante.

E os easters eggs foram ótimos, tanto o dos lanternas, quanto o Barry citando o Cemitério Maldito. Dentre outros. 

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