Por Guilherme César
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ALERTA DE SPOILERS (da série e da HQ)
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No último
domingo (10 de Dezembro de 2017) o canal americano AMC apresentou o último
episódio inédito do ano da nossa tão amada (e por vezes odiada) The Walking
Dead. O episódio em questão marca o fim da metade da oitava temporada (MID
SEASON FINALE). Como de costume em todas as séries americanas que começam em
Outubro, há uma pausa (hiato) no inicio de Dezembro, dividindo as séries em
duas partes e retornando em meados de Janeiro/Fevereiro. Deste modo, o episódio
da MID SEASON FINALE tende a ser chocante e deixa um gancho para a próxima
parte da temporada. É costumeiro uma morte assustadora ou um evento que coloca
os personagens em xeque e isso aconteceu várias vezes nessas oito temporadas de
TWD. Contudo, temos muito o quê falar deste episódio e principalmente desta
temporada que têm sofrido pesadas criticas de fãs e especialistas.
Quem conhece
meus textos, sabe que quase nunca venho aqui reclamar ou menosprezar uma série/filme.
Até mesmo TWD eu vinha defendendo, pois acreditava na melhora que era prevista
para a OITAVA TEMPORADA, o que infelizmente, nesses oito episódios de 2017, não
aconteceu. Os produtores, desde o ano passado, têm dito que a intenção é
aproximar ao máximo a série do produto original (a HQ de mesmo nome) ao qual
ela é baseada. Porém, desde a sua estreia, mais de sete anos atrás, a produção
da AMC tem tomado rumos diferentes, matando personagens em situações e
contextos diferentes, salvando personagens e os modificando, alterando vilões,
inserindo novos personagens que não vieram da HQ, e tudo isso gerou o temido
efeito borboleta. Cada escolha tomada lá na primeira temporada desencadeou
novas (e piores) escolhas que por sua vez impactam no momento atual. No inicio
da SEASON 7 os produtores queriam minimizar isso e caminhar com o enredo no
rumo ao qual a HQ seguia, o que seria ótimo, afinal a criação de Robert
Kirkiman é muito boa. Entretanto, creio eu que as duras críticas sofridas no
ano passada resultaram nas decisões atuais e aparentemente, no clima do elenco.
Não sei vocês,
mas eu quando assisti aos episódios da temporada atual tive a sensação que
muitos atores ali estão descrentes. Não sei se isso se deve a morte do dublê
durante as gravações, mas o olhar dos atores mudou. Eles que sempre foram
animados agora parecem que estão fazendo por pura obrigação. Notei isso no
Norman Reedus (Daryl), no Chandler Riggs (Carl) e na própria Danai Gurira (Michonne).
Talvez essa sensação venha do roteiro que não soube aproveitar os ótimos
personagens que tinha, colocando-os para escanteio. Ou eles realmente estão
perdendo a vontade de participar de um navio que ameaça afundar.
Partindo para
a minha visão da temporada... Sabemos que TWD sempre teve um ritmo mais lento e
todos os arcos eram instáveis, com momentos incríveis e episódios esquecíveis que
pareciam encher linguiça. Só que desta vez tudo piorou. Os oito episódios da
oitava temporada pareciam totalmente confusos. Personagens tomando decisões
insanas, sem lógica, ação desenfreada (pedida pelos fãs) mas que muitas vezes
não condizia com a situação, uma GUERRA TOTAL (um dos melhores arcos da HQ)
totalmente mal adaptada, confusa e sem nexo. Salvamos a brilhante atuação de
alguns atores, sobretudo do Jeffrey Dean Morgan que se mostrou um Negan incrível
e que consegue melhorar até o pior dos episódios. Porém, outros momentos
pareciam jogados, como a briga de ideologias de Rick e Daryl, com o Daryl se
tornando irracional e ignorando todo o desenvolvimento do personagem nos anos
anteriores. Um roteiro que deu voltas no mesmo ponto e que desenvolveu mal os personagens
que precisa. Vemos um Eugene se tornando algo diferente das HQs e depois sendo
levado a escolhas que podem redimi-lo. Personagens cegos por vingança, outros
sumindo e se tornando figurantes. E talvez todos os episódios pudessem ser
resumido em três horas, cortando diversos momentos esquecíveis.
E com tudo o
que foi dito, chegamos ao episódio de ontem, que indicou a provável morte de
Carl, depois de o personagem ter sido ótimo no episódio, salvando os moradores
de Alexandria com inteligência e muita maturidade e ai a minha decepção
começou. Amadureceram um personagem extremamente importante, que na HQ está
caminhando para ser o novo líder. Carl é um dos protagonistas do arco posterior
a GUERRA TOTAL, sendo indispensável para isso. Assim, depois de fazer várias
merdas nas temporadas anteriores, o garoto finalmente passa a enxergar o mundo
de outra forma e então é mordido (sem que vejamos) e colocado para morrer.
Podemos dizer
que o ator Chandler Riggs possa ter desistido de renovar seu contrato e isso
causou a morte prematura do garoto, infelizmente nenhuma informação foi
confirmada. Porém, sabemos o quanto isso vai impactar no restante da temporada.
Sem Carl, Rick perde parte de sua motivação, restando apenas a Judith (que não
sobreviveu nas HQs) e na série é quase como um saco de batatas. Um bom ator é
descartado no momento em que seu personagem ganharia mais destaque, sobretudo
em seu relacionamento com Negan, que é importante para o desenrolar da trama.
Nem consigo mascarar minha decepção. E mesmo existindo teorias de que a mordida
que o jovem recebeu não era de fato de um zumbi e sim de um dos Sussurradores
(grupo que veste a pele dos zumbis) e assim não seria infecciosa, creio que sua
morte é certa. Agora, porque mata-lo?
O
motivo para a morte de Carl, ao meu ver, é o mesmo que sacramenta que não
existe forma de realmente salvá-lo no próximo episódio. Nessa temporada vimos o
Rick tomado pela raiva, um Rick cruel que matou e usou de todos os meios para
destruir o Negan e em contraponto vemos seu filho enxergando a necessidade de
algo diferente. Carl entendeu que a união dos Salvadores com as demais
comunidades poderia render frutos e que a GUERRA não levaria a nada. Além de
salvar o novo personagem Siddiq, mostrando que ainda existem pessoas que
merecem ser salvas e que existe esperança. A morte de Carl e a carta escrita
por ele serão sem dúvidas o gatilho que causará a mudança do Rick e até mesmo
impedirá que o nosso protagonista mate o vilão. Nas HQs Negan não é morto ao
fim da GUERRA TOTAL, ele é preso e os demais Salvadores sob o comando
provisório de Dwight se aliam com as comunidades, criando uma rede de
sobreviventes. Negan é preso por Rick e assim permanece por muito tempo, sendo
útil na batalha contra os Sussurradores. Até então, na série não víamos lógica
para salvar Negan e nem mesmo podíamos imaginar tal atitude de Rick, que está “sangue
nos olhos”. Agora, tudo muda.
Nos
últimos episódios vimos Negan ser “humanizado” nos diálogos com o Padre
Gabriel. Entendemos que é ele que impede que os Salvadores matem discriminadamente
e talvez ele não seja tão mal assim. Aparentemente Carl também notou isso e no
próprio episódio final é mostrada uma cena entre pai e filho, onde o garoto
fala que talvez matar o vilão não seja o caminho. A misericórdia seria uma
forma de guiar o mundo em uma direção melhor e nas primeiras cenas da temporada
vemos Rick em lagrimas dizendo o mesmo, o que nos mostra que essa cena se passa
após a morte de seu filho. Logo, Carl será a motivação para Rick se tornar um
homem melhor e no fim, ser o líder das comunidades, como na HQ pós-guerra.
E
se esse é o rumo que pretendem tomar, talvez seja melhor acabar a série na próxima
temporada, antes que a lacuna deixada pelo Carl resulte em consequências ainda
piores. Afinal, como os roteiristas se aproximarão das HQs sem o filho de Rick?
Ele que é justamente o ponto mais importante dos próximos arcos? As HQs
justamente têm caminhado para a possível morte de Rick, e agora? Sem Carl para
substituí-lo, vão transformar o Negan em um líder do bem e arrependido que
futuramente substituirá o Rick? Esquecendo totalmente do impacto da morte de
Gleen (que na HQ ainda gera consequências)? Talvez os produtores tenham dado um
tiro no pé. Podemos pensar que são roteiristas experientes e inteligentes, que
facilmente teriam uma boa solução para esse dilema, mas o que tem sido
apresentado ultimamente na série não nos deixa com esperanças de que alguma
saída inteligente surja para consertar o aparente efeito borboleta.
Posso
estar enganado, mas creio que esse efeito ainda destruirá a série que amamos,
distanciando ela cada vez mais das HQs que agora iniciam um novo arco. Os
quadrinhos se aproximam do fim, segundo o seu criador, será que a série tomara
outros rumos para “render mais”? Já não sei o que pensar, só sei que a mudança de
Rick com a morte do filho é inevitável e talvez até o Negan mude com isso.
Guardo com carinho esperanças de que essa oitava temporada não seja um fiasco e
que o rumo que for tomado seja o melhor possível. THE WALKING DEAD volta em
Fevereiro com os episódios inéditos da continuação da oitava temporada. Que os
furos de roteiros acabem, AMÉM.
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